sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Toxoplasmose - a culpa não é do gato!

É frequente o abandono de gatos pelas futuras mamãs, não só pela falta de informação no que toca à Toxoplasmose, mas sobretudo pelo medo. Recordo-me de uma colega, quando estava grávida, profissional de saúde devidamente formada e informada, me ter contado que se levantou do sofá quando a gata de uns amigos se sentou, no extremo oposto... Como quase sempre acontece, o medo tem a força de se sobrepôr à razão. Contudo, como acredito que a informação é a melhor forma de prevenir estas infelizes situações, deixo-vos algumas informações sobre o tema.


Explicação do ciclo de vida do parasita Toxoplasma gondii:

O gato, hospedeiro definitivo do parasita (é nos gatos e outros felinos infectados pela doença que o parasita se reproduz), liberta através das fezes os oocistos, que, uma vez no solo, água ou plantas, são ingeridos por outros animais, como pássaros e roedores; estes funcionam então como hospedeiros intermediários (aqui, os oocistos vão transformar-se em taquizoítos), infetando o gato quando este se alimenta deles. Os oocistos podem também ser ingeridos por outros animais, como o porco, a ovelha e outros caprinos. Estes são também parasitas intermediários, transmitindo ao ser humano os cistos presentes nos seus músculos, através da ingestão de carne insuficientemente cozinhada.

Outras vias de contaminação do ser humano são a ingestão de comida ou água infectadas pelos oocistos – água ou vegetais provenientes de solos contaminados. A infecção pela carne pode dar-se não somente pelo consumo, como também pela manipulação da carne crua, contato com superfícies de preparação de alimentos, facas e outros utensílios.
O transplante de órgãos ou transfusão de sangue contaminado constituem também vias de infecção. A transmissão vertical, da mãe para o feto, é outra via possivel de aquisição da doença.

O T. gondii, pela sua versatilidade, dependendo do hospedeiro e da via, pode ser infectante em qualquer estágio evolutivo (taquizoítos, cistos e oocistos), fato que amplia muito, em condições naturais e laboratoriais, os riscos de infecção para os animais domésticos e o homem.


O Gato doméstico
O contato directo com gatos que excretaram fezes frescas não é capaz de causar infecção. Normalmente, o gato quando defeca enterra as sua fezes no areão ou num espaço de terra. Geralmente as fezes são consistentes pelo que o gato pode estar doente e, mesmo neste caso, pouco ou nenhum resíduo fecal fica aderido à região perineal e os gatos, em geral, não estão diarreicos durante o período de excreção de oocistos. Por outro lado, o gato é extremamente higiénico e nenhuma matéria fecal se encontra no pelo de animais clinicamente normais (por conseguinte a possibilidade de transmissão para o animal humano através do contacto directo é mínima ou inexistente). Também as mordidas e os arranhões são improváveis vias de transmissão pois dificilmente se encontra o agente infeccioso na cavidade oral de gatos com infecção activa e nenhum em infecção crónica.
Os oocistos libertados pelo gato só ao fim de 1 a 5 dias sofrem esporulação, logo, só ao fim deste tempo se tornam infecciosos.

Patologia no ser humano
No homem, é a principal causa de encefalite nos indivíduos afectados pela síndrome da imunodeficiência imunológica adquirida (SIDA), causando também lesões neurológicas e oftálmicas em crianças expostas durante a vida intra-uterina (se a infecção materna tiver sido antes do início da gravidez não há qualquer perigo, mesmo que existam cistos) e em indivíduos imunodeprimidos. (fonte: Direcção Geral de Veterinária)

Prevenção
A prevenção da infecção de cães e gatos baseia-se principalmente em cuidados com a alimentação destes animais, não permitindo que consumam carne crua ou mal-cozida, prevenindo assim a exposição a cistos teciduais. Os animais devem ser mantidos domiciliados e bem alimentados, prevenindo que venham a caçar roedores e aves que possam estar infectados.
A toxoplasmose no homem deve ser prevenida pela cocção adequada dos alimentos cárneos, pela lavagem das frutas e verduras, assim como dos instrumentos e superfícies utilizadas na preparação dos mesmos.

Nem as pessoas que criam gatos, bem como os veterinários possuem um risco significante maior de adquirir a toxoplasmose do que a população em geral, o mesmo valendo-se para gestantes e pacientes imunodeprimidos. Assim, esta população não deve ser afastada dos seus animais. As precauções são simples, consistindo na remoção das fezes dos felinos diariamente, prevenindo a esporulação de possíveis oocistos no convívio humano, tarefa que não deve ser realizada por gestantes e pacientes com imunodepressão. Devem ser utilizadas luvas sempre que sejam manipuladas as fezes dos gatos, assim como nos procedimentos de jardinagem.

Precauções na gravidez
Não existem exames que detectam se os gatos possuem ou não o protozoário Toxoplasma gondii; As mulheres grávidas devem evitar o contato com fezes de gatos, pois estas podem conter oocistos, não ingerir água de origem desconhecida e sem estar fervida, nem carne crua ou mal cozida durante a gravidez. (Fonte:http://www.hospvetprincipal.pt/toxoplasmose.htm)